segunda-feira, 4 de junho de 2012

CASO intolerante?

            A Secretaria da Educação do Estado anunciou dia 01.06 que arquivou a apuração interna que realizava sobre a conduta da professora de História Roseli Tadeu Tavares Santana, que usava até 20 minutos do seu horário de aula pra fazer pregações evangélicas aos alunos na Escola Estadual Antonio Caputo, no Riacho Grande, em São Bernardo, alegando não ter encontrado indícios de que tal prática realmente acontecia.
          Em caso semelhante, no mês de abril, a secretaria afastou uma diretora que reunia os alunos no pátio duma escola de Itapecerica da Serra, pra rezar. Para justificar a decisão, o Estado diz ter ouvido testemunhas.
"Estou abismada. É uma falha da Educação. Até pensamos que teríamos um pouco de esclarecimento, mas infelizmente o corporativismo prevaleceu. É lamentável", disse Maria Emília Campi, presidente da Afecab (Associação Federativa da Cultura e Cultos Afro-Brasileiros).
        Coordenador da Apeoesp (sindicato dos professores) em São Bernardo, Aldo Santos reiterou que a professora seguia o planejamento pedagógico. "Ela abordava justamente o conflito de religiões em apostilas enviadas pelo governo do Estado", apontou.
        A justificativa não satisfez o aposentado Sebastião da Silveira, 64 anos, praticante do candomblé e pai do menino de 15 anos que passa por tratamento psicológico após ser vítima de bullying religioso na escola. A pregação evangélica da professora teria incentivado a discriminação por parte dos colegas de turma.
Para Silveira, a diretoria de ensino, responsável pela apuração, tentou desde o início minimizar a questão. "Eles subestimaram a minha inteligência", disse. "Sempre tentaram fazer defesa de Roseli. Alguém vai ter de se responsabilizar por tudo o que meu filho sofreu".
        O caso continuará sendo investigado pela Vara da Infância e Juventude do Ministério Público. Com a ajuda do advogado Jáder Freire de Macedo Júnior, vice-presidente da Comissão de Liberdade Religiosa da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Silveira e a Afecab entraram com representação contra a professora, a escola e, agora, contra a Pasta. O MP, no entanto, esperava parecer da Educação para decidir ou não pela abertura do inquérito. A decisão deve sair em breve.
Roseli está afastada por licença médica, segundo a secretaria e a Apeoesp promete continuar prestando apoio jurídico à professora. A Afecab garante que responderá de forma dura. "Vamos colocar isso em todos os eventos a partir de agora", disse Emília da Afecab.
            Decisão causou estranheza à líder de comissão- Presidente da Comissão de Liberdade Religiosa da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Damaris Moura disse que a decisão tomada pela Secretaria da Educação do Estado causou "estranheza". Para ela, a Secretaria poderia ter usado o episódio como exemplo pra iniciar diálogo sobre liberdade religiosa nas escolas. "Me preocupa a falta de uma resposta e o despreparo dos professores em sala de aula."
A LDB (Lei de Diretrizes de Base) veta qualquer tipo de manifestação religiosa dentro de escolas públicas. Aldo Santos, no entanto, disse que a Antonio Caputo é pioneira no ensino de tolerância religiosa nas escolas estaduais da cidade. "Ao longo das décadas, foi vanguarda no debate." (Rafael Ribeiro, Diário do Grande ABC- SP)

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